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terça-feira, 24 de maio de 2011

O Louco



Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:


Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem
nascido, despertei de sono profundo e notei que todas
as minhas máscaras tinham sido roubadas - as sete
máscaras que eu havia confeccionado e usado em
minhas sete vidas - e corri sem máscaras pelas ruas
cheias de gente, gritando:

"Ladrões, ladrões, malditos ladrões!"

Homens e mulheres riram de mim e alguns correram
para casa, com medo de mim.

E quando cheguei à praça do mercado, um garoto
trepado no telhado de uma casa gritou: "É um louco!".
Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira
vez minha face nua.

Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha
alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei minhas
máscaras. E, como num transe, gritei:

"Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!"

Assim me tornei louco.

E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura:
a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido,
pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.
Gibran

(contribuição de minha amiga Adriana)

Namastê.

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