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- A Captura da Corça : Câncer
Tarefa:
sair da consciência de massa e transcender o plano psíquico.
Objetivo:
aprender a intuir, descobrir o reino
espiritual.
Chave
para o trabalho: formar a matéria.
Nesse
Trabalho, Hércules, que ainda obedece a muitas vozes, é testado em
relação a qual delas seguir.
A
tarefa é simples mas treina sua capacidade de escolha e sua
sabedoria.
A
mensagem é que na vida tudo o que é muito importante aparece para
nós de maneira muito simples.
Hércules deve capturar uma corça sem entrega-la a ninguém nem toma-la para si e devolve-la ao templo.
Silêncio total.
Uma
paisagem muito calma e serena a sua frente.
No
horizonte Hércules vê um templo e perto dele e sobre uma pequena
elevação está a corça jovem, esguia.
Hércules
a observa e tenta escutá-la.
Imóvel,
ele escuta uma voz vinda de fora: “essa corça é minha! fui eu
quem a alimentou e cuidou dela durante muito tempo!” e depois outra
voz, competindo com a primeira: “não! é minha! finalmente ela me
será útil, então eu é quem ficarei com ela!”
Hércules
permanece atento e tenta ser imparcial com as duas vozes enquanto
escuta mais uma, a terceira voz: “a corça não é de quem a está
reivindicando mas do deus daquele templo!”
Hércules sai caminhando na direção da corça deixando para trás vários presentes que recebeu no passado.
Esse
desapego é importante porque prepara o seu ser para renúncia que
terá de fazer.
Artemísia
(a primeira voz) e Diana (a segunda voz) observam os movimentos de
Hércules.
As
duas tentam desviar Hércules do seu objetivo enquanto vigiam a
corça, pois ambas a querem.
Hércules
continua na pista da corça e a tarefa fica muito difícil pela
influência possessiva das duas deusas.
Durante
um ano subindo montanhas, atravessando penhascos, cavernas e
florestas, ele persegue a corça, sem resultado.
Mas
consegue acompanha-la, mesmo de longe.
Um
dia ele chega muito perto, silencioso, cauteloso, e a corça, já
cansada de tanto fugir, deita-se para dormir.
Hércules
se aproxima, concentra e, sem nenhuma ansiedade, dispara uma flecha
que lhe atinge a pata.
Imóvel
e machucada, ela não se move quando Hércules se aproxima e a segura
com os braços mantendo-a firme no peito junto do coração.
Enquanto
caminha na direção do templo Hércules vai se lamentando bem alto
para que o Instrutor lhe escute: “enfrentei a natureza selvagem, o
clima hostil, os vários obstáculos, me esforcei, persisti,
consegui, então a corça é minha!”
E
o instrutor responde: “a corça pertence ao templo, ela é filha de
Deus, como todos os outros”. “Por quê?” insiste Hércules,
“você não vê que eu a seguro junto do meu coração?”
E o Instrutor tenta esclarecer Hércules que ele também é filho de Deus e pode considerar aquele templo como sua própria moradia, e se a corça estiver lá, ele poderá vê-la sempre que quiser. Hércules silencia, e o Instrutor continua: “Por que você não compartilha da vida com todos? Todos os filhos de Deus vivem no templo livremente sem se preocuparem tanto com as posses. Deixe a corça no templo”.
Hércules
cede mas no momento de deixa-la, vendo sua pata ferida volta a dizer:
“ corça é minha!”
Artemísia,
que estava do lado de fora do templo, ouve essa frase e retruca que a
corça é dela, pois durante toda a vida viu o seu reflexo nas águas
dos rios e dos lagos e sempre a seguiu, e além disso, se considerava
dona de todas as formas.
Então
o dono do templo se pronuncia definitivamente: “A corça é minha.
Todos os espíritos repousam em mim, e o dessa corça também.
Artemísia, não entre aqui. E você, Diana, pode entrar por alguns
instantes".
Diana
entra e vendo a corça que parece morta, fica indignada e diz: “por
quê não podemos ficar no templo como Hércules?”
E
o dono do templo responde: “por que ele a trouxe amorosamente,
deixando-a repousar em seu próprio coração.”
Quando Hércules já está indo embora o Instrutor lhe pede que olhe para trás.
Ele
olha novamente para a paisagem e reconhece a corça passeando pelas
colinas.
Ele
fica chocado, sem compreender nada.
E
uma voz, diferente das outras, fala de cima: “Pacientemente é
preciso procurar a corça e leva-la como presente até o local
sagrado. Isso é feito a cada século, incontáveis vezes, até que
ela não saia mais de lá.”
A corça representa vários aspectos de Hércules: o instinto, a intuição e a inteligência.
Ele
precisa coordenar e utilizar essas três energias diferentes ao mesmo
tempo.
Se
não conseguir estará sujeito aos conflitos psicológicos que nós
conhecemos muito bem.
Artemísia
também é o instinto e Diana o intelecto.
A
tarefa aqui é usar o instinto (a parte material) e o intelecto (que
argumenta e analisa) junto com a intuição - a luz que traz as
soluções, dispensando os outros dois em alguns momentos, ou seja:
adquirir sabedoria - e seguir sua voz.
O
sentido de propriedade é uma das últimas ilusões.
A
busca de Hércules vai pelo passado (instinto), pelo presente
(intelecto) e para o futuro (intuição).
Até
mesmo o dono do templo usa palavras dos homens afirmando que a corça
é dele.
Sim,
tudo é de todos.
Mas
então por quê Artemísia não pode entrar, e Diana só pode por
alguns momentos?
Porque
esse templo sagrado representa a alma, que vai absorvendo,
sublimadas, as tendências humanas.
Artemísia
representa os instintos não sublimados, possessivos, em seu estado
original.
Diana
representa o intelecto, que compreende em parte a alma, e por isso
pode experimentar um pouco dessa vibração por alguns momentos.
Mas
à medida que a parte consciente convive naturalmente com a intuição,
consegue reunir TODOS os seus aspectos.
Quando está mais evoluído, Hércules (o homem) percebe que nada permanece como estava e ao mesmo tempo, nada foi embora; tudo existe sempre dentro do TODO.
Um
detalhe aparentemente sem importância é o silêncio profundo no
início da história.
Hércules
adquiriu após o Terceiro Trabalho a capacidade do silêncio interior
que muito lhe será útil no futuro.
Outro detalhe foi Hércules ter colocado a corça junto ao seu coração.
Após
aquietar a mente, não deixando que pensamentos vagos se sucedam sem
controle, é possível desenvolver a capacidade de amar e não ser
possessivo.
As vozes de Artemísia e Diana estão sempre clamando em nossos ouvidos. E enquanto continuamos com nossa caminhada, aprendemos a perseverar.
Hércules
tenta em vão “por um ano”, ou seja, um ciclo completo.
E
isso lhe traz aprendizado, ele encara os obstáculos como desafios e
estímulos, não desiste, aprende a ser perseverante.
Para isso Hércules aprendeu a ter muita paciência, não ser crítico e a sorrir mesmo diante das dificuldades..
Para isso Hércules aprendeu a ter muita paciência, não ser crítico e a sorrir mesmo diante das dificuldades..
Namastê.
Um comentário:
Interessante.
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