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- Erguendo a Hidra de Lerna : Escorpião
Tarefa:
disciplinar os efeitos físicos sobre o ser, triunfar sobre
influências externas.
Ojetivo:
dominar suas forças interiores e clarear as ilusões.
Chave
para o trabalho: entrega de si mesmo ao Eu espiritual interno.
O
Oitavo Trabalho de Hércules tem como objetivo enfrentar uma
monstruosa Hidra (que todos teremos que enfrentar algum dia) no
horrível pântano de Lerna.
A
hidra tem 9 cabeças:
as
3 primeiras simbolizam
os
apetites e instintos relacionados sexo (1),
conforto
(2) e
o
dinheiro (3),
as
outras 3 simbolizam
as
paixões emocionais do medo (4),
do
ódio(5) e
do
desejo de poder (6),
e
as últimas 3 simbolizam os vícios da mente:
o
orgulho (7),
a
separatividade (8) e
a
crueldade (9).
Apenas
uma das cabeças é imortal e guarda dentro de si um grande segredo
que todos nós deveremos conhecer algum dia.
Os
métodos comuns de luta são inúteis diante da Hidra pois nesse
monstro quando uma cabeça é destruída nascem 2 em seu lugar -
situação difícil para qualquer guerreiro.
Quando
Hércules está pronto para partir escuta essas palavras de seu
Instrutor interno : “Quem se ajoelha, se eleva. A conquista é
obtida através da total rendição de si. É renunciando que se
ganha.”
Essas
palavras são as chaves mágicas que o Instrutor lhe dá embora ele
ainda não compreenda isso muito bem.
O
pântano polui tudo em volta em uma grande área com seu fedor, sua
escuridão.
O
cheiro é tão ruim que Hércules precisa fazer uma pequena parada
para respirar de maneira especial, logo que chega por ali.
As
areias movediças dali são também uma grande ameaça e é
necessário ter cuidado com seus passos para não ser engolido por
elas.
As
areias movediças simbolizam a mente humana e o pântano malcheiroso
seu subconsciente ainda não explorado.
Ali
dentro, neste lugar,está a Hidra, que mora numa caverna escura, e
pouco sai.
Quando
sai é sempre para destruir ou causar algum mal.
Hércules
dispara muitas flechas em direção a caverna sobre a Hidra, que
aparece por um breve momento.
Suas
flechadas não causam nenhum mal ao monstro, apenas lhe deixam mais
excitada.
A
Hidra simboliza a concentração de todo o mal, erros e falhas
vividos durante o passado da humanidade desde a sua criação e sua
origem já nem é mais conhecida, de tão antiga que é.
A
cauda escamosa da hidra bate furiosamente sobre o pântano produzindo
uma chuva de lama.
E
a cada movimento, Hércules
fica mais sujo com aquele material tão fedorento.
A
Hidra
tem vários metros de altura e seu tamanho é o resultado dos mais
imundos pensamentos da humanidade.
Muito
tempo se passou até que os homens descobriram que a tem alimentado
inconscientemente. Quando isso acontece
é o momento de enfrenta-la.
A
Hidra avança e procura enroscar os pés de Hércules para impedi-lo
de avançar.
Num
desses ataques tem uma das cabeças cortadas mas em seu lugar surgem
2 mais ameaçadoras e agressivas que a outra.
A
medida em que Hércules enfrenta a Hidra ela vai se tornando maior e
mais forte mostrando claramente que não é abalada por nenhuma
espécie de golpe e, ao contrário, até se alimenta deles.
No
meio da luta Hércules lembra das palavras do Instrutor (é
ajoelhando que nos elevamos, é nos rendendo que conquistamos e é
renunciando que ganhamos).
As
primeiras palavras lhe parecem naquele momento as mais importantes, o
toque inicial. Hércules joga fora suas armas,que estão sendo
inúteis nessa batalha,e se ajoelha, enquanto segura com suas
próprias mãos o pescoço da Hidra, e ergue-a do chão.
Suspensa
no ar, distante do seu apoio, do seu chão, a hidra perde um pouco de
sua força. Hércules percebe isso e insiste nessa ação mantendo-a
segura e presa acima de si mesmo.
A
luz do dia e o ar puro produzem um efeito que Hércules realmente não
esperava: a força da Hidra, tão grande na escuridão da caverna e o
odor do pântano, vai se indo aos poucos.
E
Hércules percebe que para ele não é necessário nenhum esforço,
apenas mante-la suspensa bem alto, distante do chão, e a luz do sol
e o vento de ar puro façam a ação.
A
Hidra ainda tenta lutar mas Hércules mantém suas mãos apertadas no
pescoço dela e bem acima dele.
Permanece
firme em sua posição.
Aos
poucos,as 9 cabeças começam a balançar, as bocas dessas cabeças
ficam engasgadas com o ar puro e os olhos ficam embaçados pela luz
do Sol.
Depois
de algum tempo as cabeças caem para os lados e a hidra vai secando
até ficar totalmente sem vida.
Somente
uma última cabeça, a cabeça imortal, permanece visível e alta
como que enfrentando o guerreiro.
Tem
um olhar penetrante e somente com o olhar faz o herói perceber que
por mais terrível que seja o acontecimento ele sempre tem em si
mesmo alguma jóia de grande valor.
Mas
é inútil tentar descobrir seu significado enquanto algo da Hidra
ainda tiver vida.
Hércules
corta a cabeça imortal e coloca ela em cima de uma grande pedra onde
ela permanece inerte mas reluzente.
A
pedra simboliza a vontade persistente e compacta de vencer a hidra.
Em
cima da pedra o pedaço daquele monstro se torna uma fonte de grande
poder a ser usada mas Hércules ainda não sabe como. (A hidra tinha
um rubi poderoso escondido dentro dessa cabeça)
O
Instrutor, quando recebe Hércules, considera-o vitorioso com o
Trabalho realizado de maneira bastante satisfatória pois conseguiu
desenvolver em si mesmo as virtudes
da
humildade (se ajoelhou, colocou-se numa posição correta diante de
um desafio da vida),
da
coragem (dispensou as armas, confiou em si e não se desviou nenhum
segundo de seu objetivo) e
do
discernimento (viu o que é preciso fazer, e no momento certo).
A
luz dessas três virtudes só pôde brilhar porque Hércules estava
totalmente entregue ao momento presente, ao aqui-e-agora.
Esse
Trabalho ainda ensina que não deve haver ansiedade para matar a
Hidra porque é a vontade, e não a luta, a principal arma a ser
usada.
Não
deve haver nenhuma dispersão de energias com conjecturas ou teorias,
imaginações, ou fantasias sobre o futuro ou o passado.
É
a decisão de permanecer na posição correta (nesse caso, de
joelhos, o desafio é maior que ele) que traz a vitória.
É
a vitória sobre a mente (o pântano e as areias movediças) que
ilude com seus tantos pensamentos, vaidades e argumentos para falsas
aparências, essa mente ardilosa e as vezes cruel que tem dentro de
si uma semente do verdadeiro poder, o poder de conquistar a si mesmo.
O
ar puro que vem do infinito somado a decisão do homem, que matam a
Hidra.
Esse
ar puro e essa luz do Sol são necessários para que o bem existente
em todas as criaturas se manifeste no plano físico.
Nada
existe (nem mesmo a Hidra) que não tenha em si a essência benéfica
da vida imortal.
Até
um monstro como a Hidra tem dentro de si uma jóia.
A
pessoa quando está lúcida pode perceber dentro de si mesma todas as
suas reações diante da Hidra.
Expor
a Hidra ao ar puro e à luz do Sol corresponde ao que os antigos
diziam: “Ao entrar em um quarto escuro, não lute contra a
escuridão, apenas acenda uma vela, ou uma lâmpada”.
De
nada adianta ficar dando pontapés nas paredes pois isso não acaba
com a escuridão.
Ela
nem liga prá isso.
É
renunciando a combater diretamente as trevas que se lida com o
subconsciente.
Esse
caminho é mais rápido, e infalível.
A
lâmpada, ou a vela, está presente no centro da consciência, e é
acendida com o silêncio interior - não lutar contra os sentimentos
ou pensamentos, eles se extinguem por si mesmos, todos eles passam.
Por
isso o Instrutor disse a Hércules que é “renunciando que se
ganha”.
Renunciando
aos métodos tradicionais de luta contra o mal e as trevas, e apenas
deixando as boas energias chegarem até nós, nos entregando a esse
silêncio e iluminação resolvemos o problema com facilidade.
Os
ganhos obtidos pela luta direta e combate furioso, pela competição
desenfreada, são ilusórios, só aumentam o tamanho e a força da
Hidra e toda aquela paisagem malcheirosa (as coisas ruins que
recalcamos para o subconsciente).
O
reino da Paz não é mais algo distante e fora de nós como se falava
há algumas décadas atrás, é algo que se abre a todos os que
estejam dispostos a nele entrar, é uma realidade vivenciada por
muita gente que mesmo que seja por poucos segundos,consegue ouvir o
silêncio entre um pensamento e outro, naqueles momentos em que
estamos simplesmente tranquilos e relaxados, ou, para outros, através
de alguns sonhos especiais.
Nesses
instantes que podem ser breves ou longos, muitos ou poucos,
conseguimos compreender a verdade das palavras “ é ajoelhando que
nos elevamos, nos rendendo que conquistamos, e renunciando que
vencemos”.
Namastê.
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